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quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

CASO BEATRIZ DE PETROLINA

'Marcelo da Silva não matou Beatriz. Vocês vão se surpreender com esse caso', afirma defesa do acusado

Foto: Paulo Paiva/DP

Um dia após divulgar uma carta, supostamente escrita por Marcelo da Silva -acusado de matar Beatriz Angélica Mota-, uma coletiva de imprensa foi realizada nesta quarta-feira (19), com o objetivo de esclarecer os questionamentos por parte da nova defesa de Marcelo. Em entrevista, o advogado Rafael Nunes informou que conversou com o acusado, que contou ter assumido o crime ao ser 'pressionado'. Apesar de afirmar que tem certeza que o crime não foi cometido por Marcelo, Rafael não trouxe novas informações, apenas a carta, e reforçou questionamentos. 

"Assumi a defesa nesta semana e, no primeiro contato que tive com ele, Marcelo externou a vontade de pedir socorro. Ele falou para mim ‘eu sou inocente’. Quando o questionei ele disse que confessou na base da pressão. Falou que estava desacompanhado do advogado e, se tinha algum advogado lá, ele não foi informado’. Essa carta foi o primeiro contato que eu tive com ele. Evidentemente eu ainda preciso conversar com ele por mais tempo para poder entender o que de fato aconteceu. Eu ainda não tive acesso ao processo", afirmou o advogado.

A pressão, citada por Marcelo, não foi identificada pelo advogado, que presume ter sido feita pelo delegado, policiais penais, entre outras pessoas que estavam presentes no momento do depoimento.

"Curiosamente esse depoimento está chegando apenas com uma parte, não está chegando de forma completa. Eu não tive acesso ao depoimento, então eu não posso falar de trechos selecionados. Não estou acusando ninguém, mas lógico que ninguém vai dar pressão em frente às câmeras. Não informaram quem era o advogado e nem que ele tinha direito de ficar calado, em um momento desses a gente confessa até o que não fez", reforçou a defesa.

Ainda segundo Rafael Nunes, a carta teria vindo à tona após Marcelo revelar que está com medo de ser morto. 

"Ele externou a vontade de pedir socorro porque está aflito, perdido, com medo de morrer. Marcelo está isolado no presídio de Igarassu. Ele não tem tendência suicida, ele quer que seja mantida a vida dele" revelou Rafael.

Questionado sobre onde estaria Marcelo na noite do crime, Rafael também comunicou que não questionou o acusado sobre o levantamento. "Hoje, se eu perguntasse a qualquer um onde vocês estavam há seis anos, dificilmente vocês saberiam responder sem que alguém mostrasse uma foto", defendeu o advogado.

Com relação ao DNA de Marcelo da Silva ter sido identificado pela polícia na faca usada no crime, Nunes questiona o momento em que o resultado foi divulgado pela Secretaria de Defesa Social.

"O exame de DNA é uma prova científica, não se discute isso. O que chama a minha atenção é que por que só agora saiu esse confrontamento genético? Como se deu o melhoramento? Existe perícia no processo que diz que a menina Beatriz foi morta em outro lugar e conduzida através de um saco plástico, uma bacia, até a sala. Essa perícia tem que ser analisada, reavaliada para ver a credibilidade desse caso. Eu preciso saber como ele entrou e como ele saiu da escola. Ele trocou de roupa no local? Tem muitos rumores, muitos segmentos". 

Ainda segundo Rafael Nunes, Marcelo não ficará sem defesa.

"Todo mundo tem direito a uma defesa técnica. Se não sou eu, será outro. Ele [Marccelo] será defendido com unhas e dentes. Os crimes que ele cometeu, que já foi condenado, ele tem que pagar. Mas ele vai pagar pelo que ele cometeu, porque é muito fácil colocar [a culpa] na conta de um andarilho com um histórico terrível. A federalização do caso tem que acontecer. Não to defendendo estuprador. Eu to defendendo a inocência dele neste inquérito [beatriz]".

"Independente da carta já existiam questionamentos. A carta é algo a mais, mas até a mãe da menina tinha esse questionamento. Evidentemente teremos cenas dos próximos capítulos. O que um advogado de defesa pode fazer, eu irei fazer. Marcelo da Silva não matou Beatriz. Vocês vão se surpreender com esse caso", finalizou o advogado.
 
Entraves com antiga advogada de Marcelo
Rafael Nunes se apresentou como a nova defesa de Marcelo da Silva no início da semana, no lugar de Niedja Mônica da Silva. A defensora pública entrou com uma representação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirmando que Nunes teria 'roubado' o seu cliente. Durante a coletiva, Rafael negou ter recebido qualquer notificação da OAB.

"A advogada não se encontra mais no caso. Assumimos toda a defesa e, com relação à minha contratação, ela é estritamente sigilosa. Desconheço a representação e se [ela] entrou, não tem problema nenhum. Quando chegar algum tipo de notificação esclareço e seguirei com a minha defesa", afirmou. 

O que diz a família da vítima
A mãe da vítima, Lúcia Mota, em live realizada pelo Instagram, disse que acredita que o homem apresentado pela polícia é o assassino da sua filha e que existem detalhes do depoimento dele que apenas o verdadeiro autor do crime poderia saber.

“Eu tenho acesso ao inquérito, nossos advogados e às pessoas que tecnicamente lidam diariamente com a criminologia, são opiniões técnicas. Nós passamos todos esses dias analisando esse vídeo. Hoje tive reuniões e recebi relatórios do depoimento. Tem coisas que ele fala que só o assassino saberia. Identificamos na fala dele. Quando ele fala que reagiu porque Beatriz gritou. Isso é mentira. Ele está se defendendo porque ele sabe que a pena pode ser aumentada. Se ele disser que foi ali [na escola] para praticar um crime, vai aumentar a pena dele. Por isso que ele diz no depoimento que Beatriz o viu armado e gritou. É mentira! Beatriz jamais se comportaria daquela forma, porque ela nunca passou por nenhum momento de risco na vida dela. Ela poderia ver uma pessoa armada e jamais perguntaria porque ela estava armada. Então, é mentira”, disse Lucinha, na live realizada no fim da noite da segunda-feira (17).

Durante a transmissão, a mãe de Beatriz afirmou que acredita que o homem já tinha um perfil definido e que acredita que ele não agiu sozinho. “A gente consegue identificar ali, porque ele abordou Beatriz de forma brusca. Ele foi ali para tirar a vida de uma criança. E ele queria uma menina. Porque nós temos vídeos que mostram outras crianças do sexo masculino, descendo na área do bebedouro e ele não capturou, nem se quer abordou os meninos. Ele só abordava meninas. Então ele tinha um perfil, ele já sabia quem queria abordar”, diz.

“Eu ouvi a oitiva dele, a sua confissão, a gente consegue encontrar esses elementos. O DNA é para fechar, é o cheque-mata. Não tem como dizer que não é o DNA dele, porque está lá. A forma como ele deixou o DNA, mais ainda. Existem diversas formas de deixar o DNA num crime. A forma como ele deixou o DNA dele, reforça a tese de que é ele”, completou Lucinha.

Vazamento de informações
Durante a transmissão, a mãe da menina Beatriz denunciou que documentos da investigação foram vazados.

“O crime não foi ainda 100% solucionado, porque o delegado responsável pelo inquérito ainda está investigando. A Secretaria de Segurança de Pernambuco, cometeu um erro muito grave. Vazaram documentos resultados de perícias, e muitas informações nos últimos dias. E isso pode atrapalhar futuramente. Isso mostra que tem pessoas que querem atrapalhar completamente a investigação”, disse Lucinha.

Na ocasião, Lucia reforçou o pedido de federalização do caso. “Mais uma vez eu vou fazer uma denúncia com relação a isso. Quem vazou vai pagar pelos crimes que cometeu. E se o Estado de Pernambuco não investigar, nós vamos a outras instâncias, vamos para a instância Federal”, pediu.

Sobre o assassino confesso, a mãe da vítima pediu para que ele fosse transferido do Presídio de Igarassu, para o Sertão do São Francisco, onde o crime ocorreu.

“O que queremos é que o estado garanta a integridade física dele e a vida dele. O estado tem obrigação de garantir isso. Ele tem que vir pra cá para Petrolina. Ele tem que responder pelo crime que cometeu aqui. As coletivas de imprensa, a Polícia tem que dá aqui em Petrolina. O crime aconteceu aqui. Quem tem que dar a entrevista é o delegado que está à frente da investigação. É ele que tem que esclarecer para a sociedade o que está acontecendo. Não é o chefe de polícia, não é chefe de departamento de polícia científica. Quem tem que dar entrevista é o delegado. O delegado não terminou as investigações, está no meio”.

“O Caso Beatriz está botando a prova, mostrando à sociedade como é que funciona o nosso País. O povo está vendo verdadeiramente como funciona um inquérito. Quem está no meio, quem está manipulando, quem está ditando as regras. O povo está vendo ao vivo essa lambança que estão fazendo. O Judiciário não se manifesta, o Ministério Público não se manifesta. Pelo amor de Deus. Foi a vida de uma criança que foi tirada de uma forma bárbara e cruel”. A mãe da vítima ainda disse : “Eu não acredito que ele agiu sozinho. Não é só sentimento de mãe. São as evidências. Não sou especialista, mas tenho pessoas que são especialistas e me orientam. O vídeo dele caminhando é a prova maior do que ele planeja fazer. O comportamento dele ali. Nós temos certeza que o assassino é esse apresentado pela polícia na semana passada, pois tivemos acesso ao inquérito e as informações”, finaliza a mãe.

OUTRO LADO
Em nota, a Secretaria de Defesa Social reforça que todo o inquérito sobre o assassinato da menina Beatriz está sendo realizado dentro de todos os parâmetros legais, com zelo e lisura. A SDS destaca ainda que o indiciamento do suspeito do crime foi realizado após a identificação positiva através de comparação de DNA. "Essa é uma prova técnico-científica, que foi ratificada pela confissão do preso que se coaduna com as demais provas existentes no inquérito policial e é compatível com a dinâmica dos fatos e toda a linha de tempo descoberta durante a investigação. Importante ressaltar que a Polícia Civil filmou o depoimento na íntegra, seguindo todas as regras legais, a fim de evitar quaisquer questionamentos, tentativas de macular a confissão ou estratégias projetadas para tumultuar o caso", diz o comunicado.

"A SDS informa, ainda, que o caso segue sob sigilo, e a Polícia Civil de Pernambuco está dando continuidade às diligências solicitadas pelo Ministério Público Estadual, bem como à compilação de todas as provas necessárias para conclusão do inquérito policial e consequente remessa ao MPPE", conclui a nota. 

DP

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