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segunda-feira, 13 de maio de 2019

MERCADO DE ORGÂNICOS

Procura por produtos orgânicos cresce no Brasil

Feira OrgânicaFoto: Ed Machado/Folha de Pernambuco


Garantia de riqueza no campo e saúde na mesa, o mercado de orgânicos cresce de forma acelerada no Brasil

Um mercado que tem gerado desenvolvimento regional para as famílias do campo e promoção de saúde para consumidores está em crescimento no Brasil. A comercialização de produtos orgânicos tem ganhado destaque ao longo dos últimos anos no País, e não é diferente em Pernambuco. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de 2012 a 2019, no Brasil, o número de produtores orgânicos cadastrados no órgão aumentou cerca de 198%, passando de 5.934 para 17.730. Em Pernambuco, houve um incremento de aproximadamente 15% de 2015 para 2019, quando cresceu de 700 para 803 produtores.

Esse mercado tem se tornado tão importante, que as feiras para venda dos produtos orgânicos estão cada vez mais presentes para os consumidores em Pernambuco. No Estado, já são cerca de 80 feiras que comercializam esses alimentos. Apenas no Recife, por exemplo, são mais de 30, segundo o Centro Sabiá, uma ONG que assessora famílias produtoras da área agroecológica, uma ciência que valoriza a preservação dos ecossistemas. 

“As feiras permitem a venda direta do agricultor para o consumidor. Elas movimentam o mercado local, gerando renda para os agricultores e bem-estar para quem consome”, destacou Davi Fantuzzi, assessor de mercado do Centro Sabiá, organização que ajudou a criar a primeira feira no Recife, situada no bairro das Graças, Zona Norte da cidade.

E essas feiras estão se fortalecendo porque os consumidores têm procurado cada vez mais por produtos saudáveis. É que a prática orgânica não faz uso de resíduos químicos em nenhuma etapa, seja na produção, armazenamento e comercialização. Ou seja, não se utilizam, por exemplo, inseticidas para combater pragas e nem para fazer os alimentos crescerem. Além disso, a produção estabelece ambiente propício para o bem estar animal. Isso é o que fez a técnica judiciária Poliana Ferraz buscar uma alimentação saudável. “Eu vejo a importância desse consumo pela questão da durabilidade e qualidade do produto. São alimentos mais frescos e saborosos e eu estimulo o consumo deles na minha casa”, disse Poliana.

Para os agricultores, o mercado orgânico também se tornou uma grande oportunidade de melhorar sua vida econômica. Dona Iracema Severina, de 46 anos, que possui, junto com seu filho, uma propriedade de orgânicos em Lagoa de Itaenga, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, identifica um crescimento na sua renda. “Participo há mais de sete anos da feira orgânica no Fórum de Joana Bezerra no Recife. Hoje, eu consigo por mês ter mais de um salário mínimo, o que eu não tinha antigamente”, contou Iracema, que sempre fica feliz a cada semana que recebe clientes novos. “Um cliente sempre indica outra pessoa para conhecer”, disse.

A feira localizada no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, foi pensada justamente para que o Poder Judiciário pudesse realizar ações de sustentabilidade social e ambiental. “A feira acontece aqui há dez anos com o objetivo de estimular as pessoas a adquirir alimentos que respeitam o meio ambiente e incrementar a renda para os agricultores”, destacou o gestor do núcleo de sustentabilidade do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Ayrton Rocha.

Além das feiras, grandes redes de supermercados também estão aderindo à comercialização de produtos orgânicos. O Pão de Açúcar, por exemplo, apresenta em 100% das lojas alimentos orgânicos, inclusive com a marca própria, chamada de Taeq. “Observamos, sim, um aumento no consumo. Em Pernambuco, a categoria cresce mais de 10% em vendas por ano. Com a ampliação da informação e a busca por uma vida mais saudável, é natural que as pessoas se interessem por orgânicos”, registrou Weidja Rocha, Gerente Regional do Pão de Açúcar para o Nordeste.

Para atender a essas demandas dos clientes, o número de unidades de produção orgânica também vem crescendo no Brasil. Segundo dados do Mapa, esse número aumentou mais de 300% de 2010 para 2018, passando de 5.406 para 22.064 no País. O agricultor Dorgivan Ferreira, de 32 anos, é dono de uma propriedade em Glória do Goitá, Zona da Mata Norte do Estado, onde trabalha com a esposa Jaqueline. Eles vendem diretamente aos consumidores e para empresas.

“Trabalho com orgânicos há cinco anos e esse mercado está em um momento querido. Participo de duas feiras, uma em Aldeia e outra na Rua da Aurora, no Recife, e vendo para uma empresa que revende para uma loja e também pela internet. Hoje eu consigo tirar R$ 4 mil por mês”, contou Ferreira, que cultiva em sua propriedade diversos alimentos, como alface, coentro, cebola e brócolis.

Fique de olho no certificado

Para que o consumidor de orgânicos tenha cada vez mais confiança na compra dos produtos e o mercado ganhe cada vez mais força no Brasil, é fundamental que os agricultores obtenham a certificação de que seus alimentos são verdadeiramente sem agrotóxicos. Atualmente, existem três tipos de certificação para que os consumidores tenham certeza que estão comprando orgânicos. E isso também fortalece o trabalho do agricultor com a garantia dos alimentos.

De acordo com o Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), uma ONG que capacita agricultores para o mercado orgânico, obter a certificação é um processo importante. “Nós auxiliamos os produtores para que eles consigam a certificação para que eles estejam assegurados junto aos órgãos de controle e preparados para a venda”, disse Paulo Santana, coordenador do Serta. Hoje, na ONG, estão em formação 360 agricultores.

A Lei 10.831, que regulamenta a produção orgânica no Brasil, afirma que existem três formas de assegurar o agricultor. A primeira através de uma empresa certificadora, que reconhece a propriedade como orgânica depois de análises. A segunda opção é por meio da certificação participativa, em que um grupo de produtores se une para fazer o controle social, ou seja, um auto monitoramento que é fiscalizado pelo Governo. E a terceira opção, e a mais comum no País, é o documento da Organização de Controle Social (OCS), em que é feito o cadastro individual do agricultor ou de uma associação. Ele é realizado pelo Ministério da Agricultura.

Dono de uma propriedade no município de Bonito, Agreste de Pernambuco, Antônio Silva, de 45 anos, está no processo de capacitação no Serta. “Ao todo são 18 meses de aulas e estou no meu segundo mês. São aulas práticas e teóricas para aprimorar meus conhecimentos na área agroecológica”, contou Antônio, que pretende se inserir cada vez mais no mercado orgânico. “Depois do curso vou buscar a minha OCS individual”, disse o produtor, que cultiva muitas hortaliças e frutas na sua propriedade.

Há cerca de um ano, o agricultor José Emerson da Silva, de 24 anos, conseguiu sua certificação. “Com a ajuda da associação, eu tirei minha certificação”, disse José Emerson, que tem uma propriedade junto com seu pai em Lagoa de Itaenga, Zona da Mata Norte de Pernambuco, com vários produtos, como rúcula, couve e coentro.



FolhaPE

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