Sport, o Brasil é teu! Há 35 anos, rubro-negros conquistavam título do Brasileiro de 1987
Capa do Diario de Pernambuco no dia seguinte à vitória por 1 a 0 sobre o Guarani (Foto: Reprodução/DP)
Final, disputada apenas no dia 7 de fevereiro de 1988, é uma das maiores conquistas do clube e também gerou polêmica nos tribunais
Há exatamente 35 anos o Sport fincava seus pés no panteão dos gigantes do futebol brasileiro. O celebrado título de 1987 veio, por ironia do destino, no dia sete de fevereiro do ano seguinte, 1988, quando a Ilha do Retiro presenciou a vitória sobre o Guarani por 1 a 0, com gol do zagueiro Marco Antônio, de cabeça. O tento, apesar de histórico, passou décadas entalado na garganta dos leoninos.
Grande herói da final, Marco destaca a campanha de 1987, mas revela que guarda mágoa até hoje. “A minha ficha demorou a cair. Mas quando eu fiz aquele gol, a emoção foi muito grande. Já a minha maior frustração foi não ter conseguido chegar perto da taça. Após o apito final, os torcedores invadiram o gramado, me colocaram no colo, me deixaram sem roupa. Depois fui para o vestiário e não consegui sair mais, por conta da multidão no campo”, disse o ídolo em entrevista.
O zagueiro também enalteceu a preparação dos comandados de Emerson Leão - o treinador deixou o clube antes do quadrangular final, com Jair Picerni assumindo - durante a competição, desde a primeira fase até a grande decisão. “A gente se preparou muito para os jogos finais. A gente sabia que tinha condições de chegar ao título. Nosso time estava jogando muito bem, estávamos entrosados, fechados. Essa conquista foi muito importante."
Marco Antônio, o quarto da esquerda para a direita, acima, foi o grande destaque da final (Foto: Arquivo/DP)
A repercussão
Ostentando imponente a taça inédita, o hoje treinador Estevam Soares foi imortalizado no caderno de esportes do Diario de Pernambuco em 8 de fevereiro de 1988, dia seguinte à partida, com a famosa manchete "Sport, o Brasil é teu!" - o destaque seria repetido em 2008, ano do icônico título do Rubro-negro na Copa do Brasil.
Do campo aos tribunais
A celeuma envolvendo o Campeonato Brasileiro de 1987 começou antes de a bola rolar. Segundo uma edição do Jornal do Brasil de 1987, a fórmula da CBF (Primeira Divisão com 32 clubes em dois Módulos de 16, com quadrangular entre os dois primeiros de cada Módulo se enfrentando para definir o campeão) foi pela primeira vez citada em julho. A entidade, contudo, só oficializou a Copa União em setembro, mês de início da competição.
O problema é que Flamengo e Internacional, do Módulo Verde, se negaram a disputar o quadrangular final. Um dos grandes “pivôs” da decisão foi o recém-formado Clube dos 13, do qual o Urubu e o Colorado participavam. A CBF, por sua vez, manteve a fórmula. Por isso, Sport e Guarani, primeiros colocados do Módulo Amarelo, se enfrentaram, enquanto a organização deu W.O. para Fla e Inter, fazendo do Leão campeão. A decisão só seria sacramentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) 20 anos depois, em 2018.
Jogo de ida, no Brinco de Ouro da Princesa, havia terminado empatado em 1 a 1 (Foto: Arquivo/DP)
Dos tribunais à história
A confusão foi tão grande que virou até livro, publicado pelos jornalistas Cássio Zirpoli, ex-Diario de Pernambuco, e André Gallindo, em 2017. E várias das fotos que estão no livro foram cedidas pelo Diario aos autores, cujo trabalho de apuração, em 178 páginas, se estendeu a diversos jornais e revistas do país. No Recife, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Campinas e em Porto Alegre, os epicentros da polêmica envolvendo 1987.
"Uma coisa que facilitou foi eu estar no Rio de Janeiro na época. Ou seja, onde ficava e fica a CBF. Onde ficava, fica e ficará o Flamengo, foi útil para que eu encontrasse e conversasse com personagens. Conversei com presidentes e ex-presidentes do Flamengo. Para fazer um comparativo, no Sport foram cinco. Gravei com Eurico Miranda, pessoalmente, em São Januário. No fim das contas, foram quase 50 pessoas ouvidas, jogadores, juízes de campo e tribunais", disse Gallindo, que é recifense.
Já Cassio, que hoje produz conteúdo para o grupo NE45, detalhou como nasceu o processo, desde de o embrião até a lapidada final. "Tudo começou lá por 2009, mas foi um processo bem lento. A gente foi dando uma avançada mais perto do aniversário de 30 anos. Foi aí que a gente pensou. 'E aí, vamos lançar o livro em comemoração?' Porque ainda teve isso, a gente foi escrevendo o livro, com o caso andando, que foi em 2011, quando teve aquela reabertura do caso", falou.
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