O FUTEBOL SANGRA
Vocês que fazem parte dessa massa, por favor me respondam: que sede de sangue é essa? Enganam-se aqueles que estão pregando que a invasão russa a Ucrânia seja o início da terceira guerra mundial.
A julgar pelos acontecimentos extracampo, que deixam claro a escalada galopante do hooliganismo, a “guerra” já está em curso no futebol.
Ensandecidas, as hordas se espalham pelo mundo todo. Por onde a bola rola. Falam diferentes idiomas. Atacam e ferem jogadores. Ameaçam e amedrontam cidadãos de bens que têm o futebol apenas como entretenimento.
Matam! Como ocorreu num covarde linchamento neste final de semana, numa cidade mexicana. As gangues se confrontam, aterrorizam, e ganham espaço e fama nas redes sociais.
Yes! Somos reféns da violência.
A guerra que todos nós tememos, que está se iniciando no norte europeu, mata a grosso. A guerra do futebol mata a granel, ou seja, no varejo. Eis a diferença. Mas a sede de sangue é na mesma dimensão. Se é que podemos mensurar as duas correntes marcadas pelo vampirismo dos homens.
Semana passada assisti a um bom debate na televisão sobre este tema: a violência no futebol. O jurista que participava da mesa ressaltava a impunidade como sendo o maior alimento desse crescimento da violência no futebol. “A polícia prende, a Justiça libera. Nosso esforço é pra nada!”. Eis o desabafo de um coronel da Polícia Militar, com o qual conversava na saída do estádio.
As medidas paliativas não servem para nada. Não combatem a violência de forma efetiva.
Dirigentes, na mais descarada das irresponsabilidades, facilitam o acesso das “organizadas do mal” nos clubes. E a luta do bem contra o mal segue sem vencedor. Guerra mundial é inconcebível, inaceitável, aterroriza, apavora. Guerra a conta gotas também merece nossa indignação.
Não podemos deixar que o grito de gol abafe o grito de dor que faz o futebol sangrar.
Por Claudemir Gomes
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