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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

SPORT - RETOMADA FINANCEIRA

'Credibilidade é um valor intrínseco': Yuri Romão comenta retomada financeira do Sport

"Estamos fazendo plano de voo para que o Sport suba novamente", destaca Yuri Romão (Foto: Anderson Stevens/Sport)


Presidente rubro-negro destaca ao Esportes DP o trabalho realizado na gestão, e se vê preparando o Leão para o futuro a curto e médio prazo


Ao destrinchar o balancete divulgado do último semestre, Yuri Romão passeou pelos 13 meses de gestão à frente do Leão. Dos quais se orgulha de não ter atrasado uma folha salarial, seja para atletas ou funcionários. Relembrando os passos dados e decisões tomadas para tentar sanear as contas do clube, reiterou o valor da transparência para ter credibilidade no mercado.


Entre as cobranças e pressão externa, muitas vezes por um imediatismo do futebol acima da saúde financeira a longo prazo, o presidente se diz alheio ao que considera 'loucuras', e projeta o Sport para um futuro de 'vôos estáveis', que pode acontecer a um prazo nem tão longo assim.


Transparência e Credibilidade

Gerir um clube de futebol certamente está entre as funções mais difíceis no Brasil, seja qual for o tamanho da instituição. E quando se trata de um clube centenário, detentor de títulos nacionais, e impulsionado por milhões de torcedores fervorosos, a responsabilidade de sentar na cadeira e conduzir a caneta é proporcional ao peso da camisa. A descrição reflete a rotina desafiadora do presidente executivo do Sport, Yuri Romão.

Além da transparência, a gente queria implementar conceitos e valores importantes a qualquer empresa. Credibilidade é um valor intrínseco. Você não consegue gerir um clube ou empresa que teve uma queda tão grande de faturamento, se ela não tiver a parte administrativa e financeira organizada. O Sport tinha quase 330 ações trabalhistas, muitas em execução e não cumpria os acordos. Fizemos um planejamento e reduzimos. Estamos fazendo plano de voo para que ele suba novamente, mas para isso precisa reestruturar a parte administrativa, financeira, implementando uma governança mais que possa dar ao gestor, ao dirigente a possibilidade de diluir a responsabilidade do com outros.

Redução dos custos

Você consegue ter equilíbrio financeiro com os cortes. A gente na iniciativa privada chama de ‘cortar o mato alto’. Qualquer empresa tem. O Sport é grande, inclusive físico. Não foi da noite para o dia, e nisso eu elogio o trabalho da equipe de diretores. Fomos identificando onde poderíamos cortar, inovar. Economizar R$ 5 mil aqui, R$ 10 mil acolá, R$ 12 ali… E ainda temos muito o que ajustar. Sempre tem.

Não comprometer as finanças

Quem senta nesta cadeira tem que eleger as prioridades. Futebol pode ser a prioridade número um, mas a que custo? Não adianta a gente pegar todo o recurso que entrar e jogar no futebol, que é imponderável. O Sport foi desclassificado da Copa do Brasil, no Estadual, e nessa mesma semana eu recebi o dinheiro da venda de Gustavo. Eu poderia ter feito uma loucura, até como uma resposta, e gastar R$ 10 a R$ 12 milhões, fácil.

Poderia ganhar a Copa do Nordeste, ou não. Mas hoje, 25 de agosto, poderia estar administrando uma greve de jogadores, porque não teria dinheiro de pagar a folha. Prioridades.

Teme estigma da gestão de ser vista como 'boa nas finanças e ruim no futebol'?

Torcida quer resultado. Trago comigo uma sensação de que pode acontecer de o sócio entender que prefere um clube endividado, sem credibilidade lá fora, sem representatividade, sem ser respeitado dentro de uma CBF ou outros presidentes de clubes. Entramos com um propósito e vamos cumprir. Estamos num momento transitório no futebol brasileiro, que daqui há dois anos não será mais o mesmo. Nós vamos atrair grandes players, mas precisávamos acertar a casa antes. Com a divulgação do balanço isso naturalmente vai acontecer.

Reavaliação do patrimônio

Nenhum parceiro financeiro quer estar do lado de uma empresa que tem patrimônio negativo. O fato de já na largada a gente sai de um negativo de R$ 78 milhões para um positivo de R$ 48 milhões, mostra para o mercado financeiro que o clube é superavitário, então a curto prazo a gente tem, sim, um ganho. Além do que há a reinserção do Sport no meio dos clube como um clube que tem um patrimônio positivo. E passa a ser tratado de forma diferente. Além disso, você tem um ganho intangível, que servirá a médio e longo prazo, que é mostrar para as futuras gestões a importância de valorizar mais a questão contábil do clube, os nossos balanços.

Inovação de Receitas

Inovação, mas sem inventar a roda. Quando caímos, de que adiantava ficar chorando nos cantos de parede? O marketing teve um papel preponderante para isso de aumentar em quatro vezes a receita das camisas estando na Série B. Tivemos que buscar recursos onde normalmente nunca se foi buscar. Parcerias, produtos licenciados, para suprir a ausência de recursos que normalmente tínhamos, para manter o clube em dia.

Venda de atletas

Quando a gente começa a falar na venda de atletas da base, a primeira coisa que vem à mente é o caso de Ciro. Chegou a ser especulado com um valor duas ou três vezes mais do que foi negociado. A necessidade faz o homem. A gente tinha uma necessidade e precisamos negociar os atletas.

Temos uma missão de reestruturar o clube. E isso parte da base. A sustentabilidade do clube, além do estádio, das rendas, ela virá da base. Estamos trabalhando para valorizar nossos atletas, como o sub-17, o sub-20 que vêm fazendo boas campanhas recentes, ao ponto de vender um, dois ou três atletas por ano. E ir retroalimentando o elenco profissional, utilizando para montar pelo menos 40% do elenco. O Athletico faz muito isso e é um clube a ser seguido.

Obediência ao orçamento

Tudo isso, reestruturação, a busca pela saúde financeira, reinserção no mercado do futebol, com representatividade  e credibilidade, tem a ver com o planejamento estratégico de forma muito segura. Pela primeira vez em 117 anos vamos fechar o ano cumprindo o orçamento. O Orçamento não será apenas uma peça de ficção. A gente tem feito esforço pra isso. Tratar o clube com a devida seriedade.

Sequência da gestão

Eu tenho um receio muito grande disso acontecer (voltar aos gastos sem critérios). Inclusive, para por uma modernização no estatuto do clube. Uma forma de que não permita uma ação de um dirigente que não esteja alinhado com esse propósito de longo prazo do clube, de austeridade e responsabilidade. Isso nos traz um pouco de temor, porque só nós sabemos as horas não dormidas e trabalhadas para reestruturar o clube. Não que seja errado apostar em jogadores ou técnicos caros, mas não acredito que seja ainda o momento do clube.

Esse tipo de despesa precisa ter as receitas que irão lastrear essas operações. A pressão da torcida é muito grande. Mas um dirigente que senta nesta cadeira precisa ter muito equilíbrio emocional para saber como gerir o caixa do clube e ter uma equipe como a gente tem. Eu gostaria muito que o sucessor dessa gestão seja uma pessoa que tenha propósitos muito semelhantes aos nossos. Precisamos de mais dois ou três anos de muito equilíbrio, até tomar os ares em vôo de subida, para finalmente navegar em céu de brigadeiro. 

Ações a curto prazo

Temos essas 87 ações e a gente tem trabalhado, dando uma atenção muito especial à parte jurídica nesse semestre. Me preocupa bastante uma ação a curto prazo, que sozinha é metade desse valor que devemos. Isso a gente tem trabalhado para ver como vamos fazer. Não tenho a solução ainda e isso me tira um pouco o sono. Se pudéssemos conseguir que essa cobrança fosse para o ano que vem, em uma eventual disputa de Série A, por exemplo, nos ajudaria bastante. Mas seguimos trabalhando.

DP

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