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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SANTA CRUZ - FELIZ ANIVERSÁRIO


Portador de doença rara vive dia especial no Arruda

Mauricio Penedo/DP/D.A Press
Com os indispensáveis boné e óculos escuros, Lucas conheceu atletas e comissão técnica

Lucas Marques tem displasia ectodérmica e comemorou o aniversário no clube



Quarta-feira, 19 de dezembro, fim do treino do Santa Cruz. Por volta das 10h30, um rapaz entra no gramado com os olhos vendados, conduzido por familiares. Em comum, o sorriso estampado no rosto de todos, à exceção do próprio rapaz. A expressão era de ansiedade. Não sabia que, à sua frente, estava montada uma festa de aniversário especial. Com bolo e todo o elenco do Santa Cruz preparado para cantar parabéns. Pelo sorriso que deu após retirarem a venda, esta foi, muito provavelmente, a melhor festa de aniversário de Lucas Marques Araújo, 17 anos.

Mauricio Penedo/DP/D.A Press
Jovem chegou ao campo com uma venda
Lucas é portador de uma síndrome rara, genética: a displasia ectodérmica. Ela impede o portador de suar e faz o corpo esquentar de forma incomum, bem mais rápido. Lucas foi diagnosticado com a síndrome com 45 dias de vida. “Quando eu notava ele quente, aferia sua temperatura e via que ele estava com 40 graus. Dava antitérmico e muitos banhos para resfriá-lo. Logo depois ele estava quente de novo. Foi aí que percebi que alguma coisa estava errada. Logo depois descobrimos a síndrome”, conta Ana Sofia Marques, mãe de Lucas.

Foi ela quem organizou a surpresa para o filho, torcedor apaixonado do Santa Cruz. A priori, ele pensava que iria apenas ganhar uma camisa na loja oficial. Mas tudo já estava arquitetado. Na Santa Cruz Store, Lucas teve os olhos vendados e foi conduzido para o gramado. “Fiquei muito chocado. Não esperava nada disso. Foi muita emoção para mim” disse Lucas. Emoção causada não só pelo encontro com os jogadores. “Uma pessoa que passa anos e anos assistindo aos jogos na arquibancada não tem noção de como é difícil jogar no Santa Cruz. O Arruda é maior vendo daqui de dentro. Assim vazio eu já fico nervoso. Imagina ele lotado?”, disse.

PresençaA síndrome, que não tem cura nem remédios, afetou a vida de Lucas de forma determinante. E o clima quente da cidade joga contra. Mas não foi capaz de afastá-lo da sua maior paixão, o Santa Cruz. Nem do Arruda. Ele não perde nenhum jogo. Sempre acompanhado do tio, Fernando Marques da Silva, responsável por apresentar o Santa Cruz a Lucas.

Para isso, há alguns cuidados. Água não pode faltar em momento nenhum. Além disso, ele procura ir para os lugares mais “frescos” do estádio, quando possível. O boné e os óculos escuros também são acessórios obrigatórios. “A gente também ‘atola’ protetor solar nele”, conta a mãe. “Antes ele não fazia isso porque era muito sensível. Com o passar dos anos, com os cuidados, ele foi melhorando. Hoje ele é uma pessoa completamente normal, comunicativo. Inclusive gosta de carnaval, vai para as ladeiras normalmente, mesmo com o sol forte”, afirma. “Foram 17 anos apenas de vitórias, graças a Deus”, finaliza Ana Sofia.

Cobranças
Em seu rápido contato com o elenco tricolor e o técnico Marcelo Martelotte, Lucas não perdeu a chance de fazer alguns “pedidos”. Na verdade, foram cobranças de um torcedor fiel. “O senhor tem que tirar o Santa Cruz dessa posição. Não aguento mais a Série C. Nós nunca deixamos de apoiar, mesmo na quarta divisão”, falou para o novo comandante tricolor, que abraçou Lucas e apenas disse: “Vamos tentar, vamos tentar.” Para ele, o acesso à Série B deve ser, de fato, a prioridade coral em 2013. 

“Um clube do tamanho do Santa Cruz, 98 anos, a segunda média de público do Brasil, 39ª do mundo não pode ficar nessa situação. O foco tem que ser sair da terceira divisão. Estadual já temos 26. Se vier é bom, claro, mas não dá para aguentar mais um ano de Série C”, reforçou Lucas, bastante festejado por todos os jogadores do elenco coral.


Diario de Pernambuco

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