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terça-feira, 13 de março de 2012

CBF - PODEROSO CHEFÃO


Escândalos e autoritarismo

Gerência de Ricardo Teixeira foi marcada por acusações de corrupção e um estilo arrogante de comandar

Do JC Online

Por três anos, o então presidente da Fifa, João Havelange, trabalhou intensamente nos bastidores para levar Ricardo Teixeira ao comando do futebol brasileiro. Foram encontros e negociações intermináveis com presidentes de federações estaduais – na época, o colégio eleitoral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em 16 de janeiro de 1989, Havelange comemorou a vitória do genro, aclamado pelos votantes no nono andar do antigo prédio da entidade, no centro do Rio de Janeiro.
Ricardo Teixeira, com 41 anos, atuava no mercado financeiro e raramente vestia a camisa do Flamengo para ver algum jogo no Maracanã. Logo em suas primeiras entrevistas, deixava claro seu estilo avesso a explicações sobre os negócios da entidade. Levantava a voz e se irritava com frequência. Várias vezes encerrava o encontro após uma pergunta classificada como mais ousada ou impertinente.A distância entre o dirigente e os estádios de futebol, no Brasil, jamais foi superada. Ricardo Teixeira só assistia aos jogos da seleção. Pelo menos nos últimos dez anos ele não presenciou nenhum confronto entre clubes do País.
Já em 1989, ele criou a Copa do Brasil, uma das marcas de sua administração. Mas, logo no ano seguinte, teve dificuldades para contornar a primeira crise em sua gestão. Os jogadores que disputariam a Copa do Mundo da Itália posaram para a foto oficial do time, em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, com uma tira de esparadrapo sobre o escudo da CBF, cobrindo a logomarca do novo patrocinador da seleção. Exigiam uma comissão no negócio. A falta de comando na equipe teve reflexo na competição: o Brasil foi eliminado nas oitavas de final.
Os gols de Romário sacramentaram quatro anos depois a primeira grande vitória de Ricardo Teixeira na entidade, já em seu segundo mandato. A Copa de 1994 chegava ao fim com êxito para o Brasil. Na volta ao País, no entanto, um escândalo atingiria o dirigente. O avião com a equipe campeã trouxe toneladas de equipamentos e aparelhos não declarados à Receita. Ficou conhecido como o voo da muamba.
Aos poucos, a CBF conseguia fechar contratos vultosos com parceiros interessados em associar a imagem à seleção brasileira. Em 1996, a Nike brotou no uniforme da equipe em troca de US$ 45 milhões (cerca de R$ 80 milhões) por ano. Hoje, a entidade goza de recursos de dez patrocinadores, o que equivale a uma receita anual de quase R$ 300 milhões.
Teixeira foi acusado de crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, apropriação indébita e sonegação fiscal. Os processos contra ele, no entanto, foram trancados pela Justiça. A vitória do Brasil no Mundial de 2002, na Coreia do Sul e Japão, deu novo fôlego a Ricardo Teixeira e esfriou o ímpeto de seus adversários.

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