GIF Patrocinador

GIF Patrocinador

sexta-feira, 9 de março de 2012

EM BUSCA DE MAIS GRANA


 Ex-judocas trocam o tatame do judô pelo octógono do MMA
Gustavo Moreno/CB
A judoca Arethusa Nunes (E) e a lutadora de MMA Bruna Fraga no octógono: mistura de técnicas ajuda ambas as modalidades

Golpes e técnicas de chão são as vantagens dos atletas, que precisam se acostumar aos socos

 Correio Braziliense

Ao longo de 2007, a judoca gaúcha Mayra Aguiar deve ter sonhado com sua rival Ronda Rousey. Naquele ano, a norte-americana vivia o auge da carreira no judô: derrotou a brasileira e anfitriã na final dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e ainda a eliminou da disputa do Mundial, também em solo carioca. Nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, Ronda foi medalhista de bronze, enquanto Mayra, hoje líder do ranking mundial na categoria até 78kg, perdeu logo na primeira luta.

Mesmo com o bom desempenho no judô, Ronda Rousey decidiu, em 2010, usar seus conhecimentos de artes marciais para estrear no MMA — o que também tem dado muito certo para ela. No último fim de semana, a lutadora de 25 anos conquistou o cinturão no peso-galo do Strikeforce ao derrotar a então campeã Miesha Tate ainda no primeiro round.

Como a americana deixou bem claro ao quase fraturar o braço da conterrânea, a dança das cadeiras entre as modalidades pode dar frutos bastante positivos. De acordo com o lutador de MMA Pedro Galiza, é mais fácil ensinar o esporte da moda para quem já tem experiências anteriores em outras artes marciais. No entanto, algumas manias precisam ser deixadas de lado. “É preciso se adaptar às técnicas, unir os conhecimentos em uma única luta. Mas é mais fácil de aprender, o corpo já está acostumado”, explica. “O judô, por exemplo, ajuda nas quedas e nas defesas de queda. Se houver a transição dos movimentos para o MMA, o lutador vai se dar muito bem.”

Para absorver técnicas de outras artes e, assim, aprimorar seu desempenho como judoca, a atleta Arethusa Nunes, 30 anos, treina também a luta olímpica e o próprio MMA. Mas, mesmo com essa visão ampliada, ela vê na sua modalidade uma vantagem psicológica. “O judô preserva muito a questão da disciplina e do controle emocional. Às vezes, o seu rival quer te exaltar, mas você sabe se controlar para manter a estratégia de luta”, comenta a vigilante, que é tricampeã brasileira de judô e integrou a Seleção até 2009. Ela também tem três títulos nacionais na luta olímpica. 

Já a empresária Bruna Fraga, 25 anos, praticante de MMA há nove meses, aponta que a mistura de artes confere maior liberdade à luta e motiva o atleta a estudar o rival antes do confronto. “Se minha adversária for boa nos golpes de perna e eu não, minha estratégia será a de não deixar a luta ir para o chão. Ela vai querer me jogar o tempo todo, mas o MMA dá a vantagem de chutes e socos”, opina.

Novos rumos
Ronda Rousey não é o único exemplo de atleta beneficiada com a mudança de esporte. Outros grandes nomes de edições olímpicas no judô, inclusive do Japão — país berço da luta —, estão aderindo à moda do MMA a cada dia. Satoshi Ishii, ouro em Pequim-2008, por exemplo, migrou para as artes marciais mistas logo no ano seguinte (estima-se que a proposta irresistível tenha sido de cerca de R$ 11 milhões). Caso também de Hidenko Yoshida, campeão em Barcelona-1992, Makoto Takimoto, ouro em Sydney-2000, e Naoya Ogawa, prata em Barcelona.
Do lado de cá do mundo, o brasileiro Nacif Elias ficou em dúvida entre as duas modalidades ao receber um convite do pai de Vitor Belfort para aderir ao MMA. Por enquanto, ele deve tentar conciliar as duas lutas. De acordo com Pedro Galiza, nem sempre é fácil se acostumar aos novos golpes. “O soco na cara é o maior bloqueio. Os judocas chegam aqui com mania de virar o rosto ou fechar o olho”, diverte-se o lutador de MMA, afirmando que perder o medo é um dos primeiros passos.

Já a gaúcha Mayra Aguiar não pretende seguir os passos de Ronda Rousey, pois a mãe iria “morrer do coração”, como disse em entrevista ao portal iG. 

Vantagem financeira
Se os octógonos são a febre do momento no meio das artes marciais, é natural que a visibilidade implique também uma melhor oportunidade de lucro financeiro do que outras lutas. “Já há pais que, com essa visão, incentivam o filho a fazer MMA”, analisa Pedro Galiza. Porém, para ele, a tradição ainda fala mais alto em alguns momentos. “Os esportes olímpicos, como o judô, ainda têm maiores possibilidades de patrocínio”, emenda o lutador
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário